Por Jaime "Netão" Guimarães
Saudações, malditos e
malditas! Dando continuação ao report da Under a Funeral Road, entraremos na
terceira parte, referente à segunda semana da nossa tour. Se ainda não leu as
partes anteriores clique aqui e aqui.
Após o primeiro fim de
semana de shows e de alguns dias off na Bahia, continuamos a descer o mapa. O próximo
show seria em Atibaia (SP). Mas antes tínhamos um compromisso no Estado de Minas
Gerais. Assim que atravessamos a fronteira tratamos de comprar uma lona para
cobrir nossas bagagens, que agora iam na parte de cima do carro. Como não somos
lá essas coisas em matéria de conhecimento de lonas, compramos um grande pedaço
de plástico e amarramos com barbante reforçado. Aquilo de vez em quando se
soltava e ficava batendo por conta do vento. Seguimos. No meio da viagem um
pneu furou e por pouco nós não capotamos na BR.(Graças às habilidades ninjas de
Victor no volante).
Esse problemas nos fez atrasar
bastante. Não daria pra chegar e gravar naquele dia. Então combinamos com o
Clinger de ir até sua cidade só no outro dia. Como era tarde paramos em
Governador Valadres para dormir. Fomos hospedados pelo Jeff Brito (In
Apostasia) e seu simpático cachorro, carinhosamente chamado de Bosta. Então
vinha a mesma maratona de sempre: parar, desamarrar a lona, descarregar as
malas, guardar, dobrar a lona, etc; para só depois poder descansar. No outro
dia era o processo inverso.
No dia seguinte prosseguimos
até Caratinga. Encontramos o Clinger e o pessoal da Venereal Sickness, e
gravamos o programa no estúdio do figuraça Lu Capeta (4:20), da banda Linha 38.
O processo teria que ser rápido, pois tínhamos que sair rápido pra que desse
tempo de dormir em Belo Horizonte, para então seguirmos até Atibaia na sexta.
Mas o Estado das Minas Gerais é grande, amigos. Muito grande! Não ia dar tempo
de chegar até a Capital naquela quinta-feira.
Tínhamos que parar de
dirigir de meia-noite, por conta do cansaço do motorista e também porque o
Sauron tinha que logar pra “trabalhar”. Paramos em um posto na cidade de João Monlevade.
Teríamos ficado moscando por lá se não fosse o trabalho do nosso herói da
noite.
Percebemos que nosso amigo –
até então só de internet – Clécio José morava naquela cidade, e então entramos
em contato para ver se ele podia nos abrigar. E deu certo! Clécio e seus pais
nos hospedaram na maior boa vontade, conseguiram cobertores, colchões e tudo o
mais.
Na manhã seguinte ainda
proporcionaram um café da manhã, para que pudéssemos seguir viagem. Na manhã da
sexta saímos com direção a Atibaia. Ainda houve tempo para que parássemos em BH
pra almoçar e conhecer a Cogumelo Records.
Despedida da casa do Clécio |
Finalmente nos dirigíamos
com direção a Atibaia, onde seria nosso próximo show. Foram uns 600 km e uma
para em um dos postos mais mal assombrados que já se teve notícia. O lugar
fedia a peido, tudo era caro e o clima era algo entre pegajoso e sufocante. Um
inferno. A certo ponto cheguei a pensar
que tínhamos morrido em um acidente na estrada e aquele local era uma espécie
de purgatório. Sem contar que o tempo estava contra nós, já era tarde e o show
tinha hora pra começar.
Felizmente tudo deu certo,
chegamos em Atibaia a tempo do evento, que ocorreu sem grandes problemas. A
casa de shows era bem espaçosa e os shows foram bacanas. Um fato curioso é que
ao lado de onde tocamos acontecia, simultaneamente, um baile funk. Apesar de um
certo clima tenso, som alto, carros arrancando na rua, menores se drogando nas
calçadas, não havia qualquer tipo de animosidade entre as duas “tribos”. Após o
show procuramos um local para dormir e descansar para o próximo evento, que
seria em Indaiatuba.
O calor começava a aumentar
quanto mais adentrávamos o sudeste. Era mais um dia, e agora estávamos indo até
Indaiatuba, cortando os tapetes asfálticos e pedágios de 11 reais de São Paulo.
Dessa vez a distância de uma cidade para a outra era pequena, e não
precisávamos nos preocupar. Chegamos cedo até o local do show, um bar no estilo
Pub, pequeno mas muito bem organizado. Ficamos por lá até que o organizador do
show, o Francisco Júnior, chegasse. A cidade estava um forno. Só ventava quando
o ônibus passava e arrastava o vento. Os shows foram bons, apesar da plateia
ser mais parada. Muita gente ficava mais fora do bar que dentro. Encontramos
por lá nosso amigo Rodrigo Haru, que agitou bastante nas apresentações.
Após o término do evento
seguimos para a casa do Francisco, que fica na cidade de Amparo, para dormir. A
hospedagem lá foi de primeira, tinha colchão pra todo mundo, ventiladores e
comida. (vocês não sabem a importância de um colchão em uma turnê. Ele é
disputado a tapas).
Próxima parada, Hell de
janeiro! Mais uma caralhada de quilômetros a serem percorridos. Dessa vez
tínhamos que correr, pois o evento era num domingo e começava cedo. A
expectativa pro show era das melhores, iríamos encontrar muitos amigos e tocar
no famoso Subúrbio Alternativo. À medida em que chegávamos próximo da Capital
carioca o calor aumentava. O ar do carro não dava mais vencimento, e do lado de
fora soprava um vento quente e abafado.
Quando chegamos ao lugar do
show, que fica no bairro Brás de Pina, já havia uma porrada de gente bebendo e
ouvindo som. A primeira pessoa que vimos foi o Leon Manssur (Apokalyptic Raids)
que já falou algo do tipo “Vocês acham que o Nordeste é quente? Bem vindos ao
inferno!”. Realizamos mais uma vez o ritual da lona e logo começamos a beber
cerveja, na tentativa de ficarmos bêbados e esquecermos o calor que derretia
nossos cérebros. Estavam lá muitos amigos, entre eles os Victores, Whipstriker e
Canabarro (Farscape), A Carla e Ludmila, que são de Minas; os Brothers do
Velho, que também tocariam naquele dia, entre outros.
Sauron e Whipstriker |
Quem abriu as apresentações
foi a fodida Poem’s Death, Death Metal mais que sincero. A galera já pirava e
batia cabeça! Aliás, aqui cabe uma pequena descrição do Subúrbio Alternativo: o
local é sensacional por vários motivos, primeiro porque fica descentralizado do
Centro e mesmo assim atrai muita gente, e segundo porque tem muita, mas muita
birita diferente, e o dono de lá, o Terror é um cara fora de série, que dá
apoio e assistência para as bandas que tocam no espaço.
Os shows foram insanos,
literalmente. Muita gente dentro e fora do bar, batendo cabeça, se espremendo
pra ver, bebendo e ficando louca. Ficamos muito felizes pela recepção que
tivemos, com certeza um dos melhores shows da história da Venomous Breath, e
por certo do caverna também. Ainda houve o Velho pra fechar a noite com chave
de enxofre, em um show totalmente visceral, onde todos cantavam. A galera da
União Headbanger passou a sacolinha lá e conseguiu arrecadar uma boa grana, um
dos melhores cachês que tivemos em toda a tour.
PB-RJ-MG-SP |
No fim ainda demos um tempo
por lá bebendo e depois seguimos para casa do Thiago Splatter (Velho), onde
passaríamos os próximos dias de “folga” – e muito calor. Chegamos na residência
do Thiago, que fica em Duque de Caxias, e já nos pregamos no fliperama que ele
tem lá. Ficamos jogando até a hora de dormir. (Não esqueçam o ritual da lona, o
qual repetimos)
Era segunda, amigos. Mas estávamos
em turnê, e em turnê segunda é domingo, terça é domingo, e por aí vai. Tiramos
os próximos dias pra ficar enchendo a cara de cerva gelada, naquela de tentar
enganar o calor. O Rodrigo Bastardo (Lástima) e a Jhoyce nos fizeram companhia
na nossa maratona etílica. De resto era só fliperama e banho de chuveiro. Um
verdadeiro balneário headbanger. Na casa do Thiago tem um estúdio, o Albergue do
Rock, onde ensaiavam a Poem’s Death e o Lástima. Aproveitamos não só pra ver o
ensaio dos caras mas também pra brincar. Em uma tarde eu, o Victor e o Thiago
(Batatão) fizemos um projeto de Death Metal, o qual intitulamos de Decrepto
(risos). Gravamos a aventura:
Também tivemos nosso dia de
turista. Fomos até Copacabana. Almoçamos no Copacabana Palace (Na calçada,
comemos quentinhas duvidosas com frango e quiabo), ficamos na praia, onde se
vende de tudo – porra, tinha uns gringos vendendo dindin (sacolé) a três reais.
E terminamos o dia na Urca, onde a galera fez a façanha de subir o morro pra
descer no bondinho (de graça, na esperteza). Eu e Batatão, como somos gordos
mórbidos não conseguimos e voltamos.
Era nossa última noite do
Rio, a estadia na casa do Thiago foi sensacional, o cara é mais que um brother,
um irmão(sic). A única coisa ruim no rio, como eu já repeti, foi o tremendo
calor. Um calor que eu nunca senti, mesmo aqui no Nordeste. Nós ficávamos
tristes na hora de dormir.
Caverna + Velho + Venomous Breath + Poem's Death + Lástima |
Com uma dor no coração nos
despedimos da turma do Rio e seguimos viagem. Na próxima semana seriam shows em
São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ainda tinha muito chão.
Mas fica para o próximo
capítulo.
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