sexta-feira, 22 de maio de 2015

Tour Report | O Underground na Estrada - Parte I

Por Jaime Guimarães

Saudações, maníacos e maníacas! Hoje estou por aqui para compartilhar com vocês  uma das viagens mais fodas que tive o prazer de fazer em minha vidinha mais ou menos. Pra quem não sabe, toco bateria com as bandas Ataque Violento e Venomous Breath, de Thrash e Death Metal, respectivamente. Em janeiro deste ano de crise a Venomous, juntamente com o Caverna, uma banda irmã de sangue, saiu em turnê por parte desse imenso país chamado Brasil. Tentarei fazer nas próximas linhas um report sobre o que vivenciamos em um mês de estrada, da Bahia à Santa Catarina. Sete pessoas, muitas malas, 10 mil km e um doblô que entrará para a história.

Como pode ficar um pouco longo, dividirei o texto em cinco partes, essa apresentação, e cada uma contando os acontecimentos de uma semana da turnê. Vai dar pra ter uma noção de como é para uma banda underground meter as caras, cair na estrada e passar quatro semanas vivendo apenas aquilo que se gosta, tocar Metal. De antemão, saibam que é do caralho poder conhecer tantos amigos e bandas fodas por todos os lugares em que passamos, e mais que isso, saber que a nossa “cena”, apesar de tantos pesares, sobrevive forte e conta com cabeças valorosas espalhadas por toda parte do país.

Sigam-se os bons maus!

Panzer Division Speed Freak!




































A ideia e preparação

Em 2013 a Venomous Breath dividiu palco com a Escarnium em João Pessoa – PB. Na ocasião conhecemos o Victor Elian, vocal e guitarra, e ele pirou no som da gente. Dali pra frente um laço de amizade foi criado entre nós. Volta e meia encontrávamos o Victor por conta das turnês que ele realizava com a Speed Freak pelo Nordeste. Em 2014 ele nos convidou para tocar no Refúgio Macabro, em Minas Gerais. Apesar de morarmos distante víamos o Victor com uma certa frequência. Foi quando ele veio com a ideia de que deveríamos fazer uma turnê pela Speed Freak. Ele nos passou as condições e nos explicou todo o trâmite para a realização da tour, e nós de pronto topamos.

A partir daí começamos a nos programar. De início apenas a Venomous Breath participaria para o giro, mas como na época tínhamos incorporado um segundo guitarrista, o Sauron, percebemos que seria viável que o Caverna também viajasse, já que a banda é um duo, e Sauron também era o guitarrista. A conta batia certinho, sete vagas no doblô, sete sujeitos contando com bandas e o motorista, que é o próprio Victor. Então dividimos todos os custos pré-viagem não por bandas, mas por cabeças. Foi um tremendo jogo de cintura para reservar verba para merchan, passagens aéreas e custos futuros na estrada. No fim, deu tudo certo.

Com mais ou menos seis meses de antecedência – a turnê ficou para janeiro de 2015 – começamos a fechar datas e a calcular os gastos que teríamos com a viagem. A rota ficou da seguinte forma: começaríamos pela Bahia e desceríamos para o sul/sudeste. Ao todo passaríamos por sete estados. Essa parte é um processo meio complicado, porque além de fechar as datas deve-se ter o cuidado de não colocar um show muito distante do outro, por conta do cansaço e da viabilidade em chegar na hora de tocar. Também nessa parte definíamos os cachês com todos os produtores. Os valores variavam entre 350 e 500 reais, a depender da expectativa de casa evento. Decidimos previamente deixar os cachês exclusivamente para pagamento de gasolina e pedágios(Que não foi pouco). já o dinheiro da venda de merchandising ficaria para outros gastos que as bandas necessitassem.

Após muito discutir, a turnê foi nomeada como Under a Funeral Road, um trocadilho com Under a Funeral Moon, do Darkthrone. Começamos a divulgar o cartaz da tour e paralelamente ensaiávamos para shows marcados até o fim de 2014.

Cartaz feito por Fernando JFL. Algumas datas sofreram modificação.

Durante esse tempo de preparação enfrentamos uma incerteza. Não sabíamos se os CD’s do debut álbum da Venomous Breath chegariam a tempo de levarmos para a turnê. Et Viscera Sanguis foi lançado pela Hell Productions da Tailândia, e de lá as cópias estavam vindo. Contudo, por conta da eficácia dos Correios, tínhamos quase que certeza total de que viajaríamos sem CD’s. Mas, para nossa surpresa, o material chegou a tempo, e mesmo tendo que pagar uma “módica” taxa de 382 reais, foi um alívio para nós. Paralelo a isso seguimos com mais gastos pra fazer camisas, patches, etc; além da compra e upgrade de equipamentos.

Merchan

Merchan pronto, shows agendados, rotas traçadas, estávamos a um passo de darmos início à turnê. A ansiedade era grande. No dia 08/01 saímos de Campina Grande para Recife de ônibus, lá pegaríamos um voo para Salvador, onde seria realizado o primeiro show. Sauron e Vinícuis vieram de Patos – cidade a 180 Km de Campina Grande – e nos encontraram para darmos início ao trajeto. Tivemos que passar a noite o Aeroporto de Recife a espera do nosso voo, que sairia às 06h00 (Esse é o preço que se paga por passagens mais baratas). Ficamos por lá esperando dar a hora de embarcar e escapando dos abusivos preços praticados por qualquer coisa que seja dentro de um aeroporto. Ainda tivemos que pagar mais de 150 reais de excesso de bagagem, era muita tralha. Àquela altura já nos indagávamos preocupados “será que vai caber no doblô?”.

Rodoviária de Campina Grande (Olha o tanto de tralha!)

Finalmente chegara a hora de embarcar. Estávamos sem dormir e já com fome, mas felizes.

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Continua no próximo episódio...

666!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Deathraiser se prepara para turnê nacional


Por Jaime 'Netão" Guimarães

O Deathraiser, quarteto mineiro de Thrash Metal formado na cidade de Leopoldina, está prestes a realizar sua primeira turnê nacional. A Spreading  the Agression Tour  começará em minas Gerais e se estenderá por mais oito estados das regiões Norte e Nordeste. A agência responsável pelo agendamento de shows e o gerenciamento da turnê é a Speed Freak Booking.

O grupo começou com o nome de Merciless em 2006, tendo lançado duas demos e dois splits entre 2007 e 2009, quando mudou de nome para Deathraiser. Em 2011 lançaram o excelente álbum Violent Agression, um disco que apresenta um Thrash Metal ultra rápido com fortes influências de Kreator e Sadus em seus melhores dias. O debut rendeu ótimas críticas e muitos shows para a banda no circuito sudeste.



Já a Speed Freak, parceira da banda nessa empreitada que cortará parte do Brasil é conhecida pelas turnês que vem realizando desde 2011. A empresa, capitaneada por Victor Elian (Escarnium) já rodou praticamente todo o país com bandas como Flagelador, Suffocation o Soul, Caverna, Venomous Breath, Fueled By Fire(EUA),  Sodamned, Kataphero e Enforcer(SUE).




A primeira data da turnê do Deathraiser acontecerá no Refúgio Macabro, grande festival underground que acontecerá em Belo Horizonte no dia 11 de julho e contará com bandas como Impurity, Velho e Vultos Vocíferos. De lá a banda partirá para shows na Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grade do Norte e Piauí. Ainda há datas disponíveis para estados da região Norte. Produtores que queiram realizar show do Deathraiser podem entrar em contato com a Speed Freak Booking.




Para maiores informações:
speedfreakbookings@gmail.com

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Anti-Arte de Fernando JFL




Por Jaime "Netão" Guimarães

Além da música, um dos principais elementos de identificação, e que chamam atenção em uma banda – ou sites, zines, selos, etc... – é a arte gráfica. Muitas vezes a beleza(ou feiura, como queiram) de um desenho chama a atenção e faz com que as pessoas acabem por conhecer determinado artista. Da mesma forma, alguns artworks acabam por virarem símbolos, devido tamanha identificação com a proposta de um grupo.

Vindo das infernais e quentes terras de Mossoró, Rio Grande do Norte, o artista gráfico Fernando JFL vem se destacando por conta de suas artes. Com traços de caneta preta e uma imaginação demoníaca Fernando cria desenhos horríveis para as mais diversas iniciativas: capas de disco, cartazes e flyers, layouts, logos, camisas. Ele publica seus trabalhos através da página Giotefeli Anti Arte (daí o JFL, sacou?) no Facebook.



A estética do trabalho de JFL é suja, violenta, sangrenta e maligna. É comum ver caveiras, corpos derretendo, cabeças arrancadas, caos e muito sofrimento cristão. É notável o uso de traços não lineares, do pontilhado e de muito contraste, agindo quase que inteiramente em cima de preto e branco, o que cria uma identificação de ruído e agressão visual. Segunda o próprio artista, suas influências vem de diversas fontes, todas coisas ruins, inclusive o próprio Satanás!(sic)



Adepto do DIY e da cooperação (não competição), Fernando já fez trabalhos para uma infinidade de bandas e empreitadas, sejam do meio Metal, Punk, Grindcore ou Powerviolence, entre elas: Ataque Violento, Jubarte Ataca, Caverna, Praga(RS), Venomous Breath, Refúgio Macrabo, Deus Verme, Feed me More, e mais uma porrada de outras. Ele diz que faz tudo na base da “brothagem”, para os amigos e pro rolê. Fernando também se arrisca nas tatuagens, faz em casa e cobra “mais ou menos 100 reais”, como ele mesmo afirmou. Mas não vão se aproveitarem!

Além  de trampar no mundo dos rabiscos, Fernando JFL também toca, é guitarrista das bandas Lei do Cão (Crossover) e Cätärro (Grindcore/Powerviolence).

Abaixo seguem mais algumas artes do Giotefeli. Para mais, visitem a página no Facebook e o Flickr do garoto!

















666!

domingo, 3 de maio de 2015

O Death Metal diferente do Tribulation


Por Jaime "Netão" Guimarães

Já havia falado por aqui há algum tempo que o Death Metal estava mais vivo do que nunca (o trocadilho foi intencional). Uma infinidade de bandas consideravelmente novas vem vomitando o Metal da Morte de forma bestial, resgatando e inspirando-se nos primórdios do estilo, mas sobretudo agregando personalidade. Alguns grupos foram mais além e ousaram mesclar a morbidez do Death Metal com outros elementos, criando de fato um som diferenciado, e que funcionou. Um grande exemplo é o maléfico e sensacional Tribulation.

O quarteto sueco – só podia.. – já havia chamado minha atenção quando do lançamento do seu debut album, o não menos que fenomenal The Horror (2009). Nesse disco tivemos acesso a um Death Metal nos moldes old school, de primeira linha; nove faixas de pura violência, rapidez e maldade, porém muito criativo e próprio. Como costumo dizer, uma espécie de Merciless levado às últimas consequências.


Daí que, em 2013, veio a segunda pedrada, The Formulas of Death. Aqui o Tribulation mudou consideravelmente sua direção musical e tomou um rumo ainda mais particular. Logo de cara se percebe, o full abre com uma introdução com dedilhados de guitarra e uma abordagem mais atmosférica. Durante o track list é evidente a incorporação de outras influências, que vão desde Black Metal, pitadas de Heavy Metal e nuances marcantes de progressivo, até mesmo um tom psicodélico em algumas partes. Estes novos elementos não diminuíram em nada a ferocidade e rapidez da banda, pelo contrário, as peças se encaixaram perfeitamente e pudemos encontrar um disco coeso e que mantêm um mesmo clima durante todas as faixas.



No mês passado o Tribulation lançou seu terceiro disco cheio, The Children of the Night. Ao que parece – ainda não pude sacar o material completo – a banda mergulhou ainda mais na escuridão e em novas influências. Pelo que pude perceber há um forte viés melódico nas linhas de guitarra; um caminho pelo qual outra banda percorreu, o Morbus Chron. Percebe-se um tom mais melancólico e uma redução de passagens mais rápidas com linhas de bateria mais diretas, bases marcantes e sombrias, trabalhos de teclado e ainda os aspectos mais progressivos e psicodélicos. Paralelo ao lançamento o Tribulation ainda soltou um magnífico clipe da música “Strange  Gateways Beckon”. 



The Horror ainda é meu favorito do Tribulation, mas o restante de sua discografia não faz feio. Os caras conseguiram trazer uma nova cara para um estilo já bem marcado e delimitado, e isso não é pra qualquer um. Como eles há outros, a exemplo do já citado Morbus Chron e do Horrendous, que são bandas que incorporaram outros elementos ao Death Metal e tiveram Êxito.

O que vocês, malditos, acham do Tribulation e de bandas que trazem novos elementos para estilos já firmados? É possível inovar sem cair no campo do moderno e “comercial”? Esses suecos mostraram que sim.
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