quarta-feira, 8 de julho de 2015

Tour Report | O Underground na Estrada - Parte III


Por Jaime "Netão" Guimarães

Saudações, malditos e malditas! Dando continuação ao report da Under a Funeral Road, entraremos na terceira parte, referente à segunda semana da nossa tour. Se ainda não leu as partes anteriores clique aqui e aqui.

Após o primeiro fim de semana de shows e de alguns dias off na Bahia, continuamos a descer o mapa. O próximo show seria em Atibaia (SP). Mas antes tínhamos um compromisso no Estado de Minas Gerais. Assim que atravessamos a fronteira tratamos de comprar uma lona para cobrir nossas bagagens, que agora iam na parte de cima do carro. Como não somos lá essas coisas em matéria de conhecimento de lonas, compramos um grande pedaço de plástico e amarramos com barbante reforçado. Aquilo de vez em quando se soltava e ficava batendo por conta do vento. Seguimos. No meio da viagem um pneu furou e por pouco nós não capotamos na BR.(Graças às habilidades ninjas de Victor no volante).

Esse problemas nos fez atrasar bastante. Não daria pra chegar e gravar naquele dia. Então combinamos com o Clinger de ir até sua cidade só no outro dia. Como era tarde paramos em Governador Valadres para dormir. Fomos hospedados pelo Jeff Brito (In Apostasia) e seu simpático cachorro, carinhosamente chamado de Bosta. Então vinha a mesma maratona de sempre: parar, desamarrar a lona, descarregar as malas, guardar, dobrar a lona, etc; para só depois poder descansar. No outro dia era o processo inverso.

No dia seguinte prosseguimos até Caratinga. Encontramos o Clinger e o pessoal da Venereal Sickness, e gravamos o programa no estúdio do figuraça Lu Capeta (4:20), da banda Linha 38. O processo teria que ser rápido, pois tínhamos que sair rápido pra que desse tempo de dormir em Belo Horizonte, para então seguirmos até Atibaia na sexta. Mas o Estado das Minas Gerais é grande, amigos. Muito grande! Não ia dar tempo de chegar até a Capital naquela quinta-feira.



Tínhamos que parar de dirigir de meia-noite, por conta do cansaço do motorista e também porque o Sauron tinha que logar pra “trabalhar”. Paramos em um posto na cidade de João Monlevade. Teríamos ficado moscando por lá se não fosse o trabalho do nosso herói da noite.

Percebemos que nosso amigo – até então só de internet – Clécio José morava naquela cidade, e então entramos em contato para ver se ele podia nos abrigar. E deu certo! Clécio e seus pais nos hospedaram na maior boa vontade, conseguiram cobertores, colchões e tudo o mais.

Na manhã seguinte ainda proporcionaram um café da manhã, para que pudéssemos seguir viagem. Na manhã da sexta saímos com direção a Atibaia. Ainda houve tempo para que parássemos em BH pra almoçar e conhecer a Cogumelo Records.

Despedida da casa do Clécio
Finalmente nos dirigíamos com direção a Atibaia, onde seria nosso próximo show. Foram uns 600 km e uma para em um dos postos mais mal assombrados que já se teve notícia. O lugar fedia a peido, tudo era caro e o clima era algo entre pegajoso e sufocante. Um inferno. A certo ponto cheguei a  pensar que tínhamos morrido em um acidente na estrada e aquele local era uma espécie de purgatório. Sem contar que o tempo estava contra nós, já era tarde e o show tinha hora pra começar.

Felizmente tudo deu certo, chegamos em Atibaia a tempo do evento, que ocorreu sem grandes problemas. A casa de shows era bem espaçosa e os shows foram bacanas. Um fato curioso é que ao lado de onde tocamos acontecia, simultaneamente, um baile funk. Apesar de um certo clima tenso, som alto, carros arrancando na rua, menores se drogando nas calçadas, não havia qualquer tipo de animosidade entre as duas “tribos”. Após o show procuramos um local para dormir e descansar para o próximo evento, que seria em Indaiatuba.

O calor começava a aumentar quanto mais adentrávamos o sudeste. Era mais um dia, e agora estávamos indo até Indaiatuba, cortando os tapetes asfálticos e pedágios de 11 reais de São Paulo. Dessa vez a distância de uma cidade para a outra era pequena, e não precisávamos nos preocupar. Chegamos cedo até o local do show, um bar no estilo Pub, pequeno mas muito bem organizado. Ficamos por lá até que o organizador do show, o Francisco Júnior, chegasse. A cidade estava um forno. Só ventava quando o ônibus passava e arrastava o vento. Os shows foram bons, apesar da plateia ser mais parada. Muita gente ficava mais fora do bar que dentro. Encontramos por lá nosso amigo Rodrigo Haru, que agitou bastante nas apresentações.



Após o término do evento seguimos para a casa do Francisco, que fica na cidade de Amparo, para dormir. A hospedagem lá foi de primeira, tinha colchão pra todo mundo, ventiladores e comida. (vocês não sabem a importância de um colchão em uma turnê. Ele é disputado a tapas).

Próxima parada, Hell de janeiro! Mais uma caralhada de quilômetros a serem percorridos. Dessa vez tínhamos que correr, pois o evento era num domingo e começava cedo. A expectativa pro show era das melhores, iríamos encontrar muitos amigos e tocar no famoso Subúrbio Alternativo. À medida em que chegávamos próximo da Capital carioca o calor aumentava. O ar do carro não dava mais vencimento, e do lado de fora soprava um vento quente e abafado.

Quando chegamos ao lugar do show, que fica no bairro Brás de Pina, já havia uma porrada de gente bebendo e ouvindo som. A primeira pessoa que vimos foi o Leon Manssur (Apokalyptic Raids) que já falou algo do tipo “Vocês acham que o Nordeste é quente? Bem vindos ao inferno!”. Realizamos mais uma vez o ritual da lona e logo começamos a beber cerveja, na tentativa de ficarmos bêbados e esquecermos o calor que derretia nossos cérebros. Estavam lá muitos amigos, entre eles os Victores, Whipstriker e Canabarro (Farscape), A Carla e Ludmila, que são de Minas; os Brothers do Velho, que também tocariam naquele dia, entre outros.

Sauron e Whipstriker

Quem abriu as apresentações foi a fodida Poem’s Death, Death Metal mais que sincero. A galera já pirava e batia cabeça! Aliás, aqui cabe uma pequena descrição do Subúrbio Alternativo: o local é sensacional por vários motivos, primeiro porque fica descentralizado do Centro e mesmo assim atrai muita gente, e segundo porque tem muita, mas muita birita diferente, e o dono de lá, o Terror é um cara fora de série, que dá apoio e assistência para as bandas que tocam no espaço.

Os shows foram insanos, literalmente. Muita gente dentro e fora do bar, batendo cabeça, se espremendo pra ver, bebendo e ficando louca. Ficamos muito felizes pela recepção que tivemos, com certeza um dos melhores shows da história da Venomous Breath, e por certo do caverna também. Ainda houve o Velho pra fechar a noite com chave de enxofre, em um show totalmente visceral, onde todos cantavam. A galera da União Headbanger passou a sacolinha lá e conseguiu arrecadar uma boa grana, um dos melhores cachês que tivemos em toda a tour.

PB-RJ-MG-SP
No fim ainda demos um tempo por lá bebendo e depois seguimos para casa do Thiago Splatter (Velho), onde passaríamos os próximos dias de “folga” – e muito calor. Chegamos na residência do Thiago, que fica em Duque de Caxias, e já nos pregamos no fliperama que ele tem lá. Ficamos jogando até a hora de dormir. (Não esqueçam o ritual da lona, o qual repetimos)

Era segunda, amigos. Mas estávamos em turnê, e em turnê segunda é domingo, terça é domingo, e por aí vai. Tiramos os próximos dias pra ficar enchendo a cara de cerva gelada, naquela de tentar enganar o calor. O Rodrigo Bastardo (Lástima) e a Jhoyce nos fizeram companhia na nossa maratona etílica. De resto era só fliperama e banho de chuveiro. Um verdadeiro balneário headbanger. Na casa do Thiago tem um estúdio, o Albergue do Rock, onde ensaiavam a Poem’s Death e o Lástima. Aproveitamos não só pra ver o ensaio dos caras mas também pra brincar. Em uma tarde eu, o Victor e o Thiago (Batatão) fizemos um projeto de Death Metal, o qual intitulamos de Decrepto (risos). Gravamos a aventura:




Também tivemos nosso dia de turista. Fomos até Copacabana. Almoçamos no Copacabana Palace (Na calçada, comemos quentinhas duvidosas com frango e quiabo), ficamos na praia, onde se vende de tudo – porra, tinha uns gringos vendendo dindin (sacolé) a três reais. E terminamos o dia na Urca, onde a galera fez a façanha de subir o morro pra descer no bondinho (de graça, na esperteza). Eu e Batatão, como somos gordos mórbidos não conseguimos e voltamos.

Era nossa última noite do Rio, a estadia na casa do Thiago foi sensacional, o cara é mais que um brother, um irmão(sic). A única coisa ruim no rio, como eu já repeti, foi o tremendo calor. Um calor que eu nunca senti, mesmo aqui no Nordeste. Nós ficávamos tristes na hora de dormir.


Caverna + Velho + Venomous Breath + Poem's Death + Lástima
Com uma dor no coração nos despedimos da turma do Rio e seguimos viagem. Na próxima semana seriam shows em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ainda tinha muito chão.


Mas fica para o próximo capítulo.

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