Atualmente, uma verdadeira legião de novas bandas de Old School Death Metal vem brotando pelos mais obscuros rincões deste mundo. O Velho Metal da morte parece estar em alta. No Brasil, um dos novos grupos que vem se destacando é o Considered Dead, quarteto de Brasília, formado por membros e ex-membros de bandas como Violator, Low Life e Pesticide. Tivemos umas conversa com o vocalista Yarlles Pinheiro, que nos contou sobre o lançamento da Demo Mentally Tortured, parceria com selo gringo e diversos assuntos. Confiram.
Por Jaime “Netão”
Guimarães
1. Saudações deathmaníacos, obrigado pelo tempo
cedido! O Considered Dead foi formado em 2012, mas conta com um line up já
experiente, com caras de bandas como Violator, Pesticide e Low Life. Como se
deu a criação da banda, e porque decidiram tocar Death Metal nessa linha?
Yarlles:
Eaí, Jaime! Tudo certo? Primeiramente, muito obrigado pelo espaço do Under The
Ground e por essa entrevista. Acredito que a vontade de tocar Death Metal
sempre andou em paralelo aos nossos projetos. O Capaça e o David já tocavam juntos há 10 anos no Violator, e
sempre foram fãs de bandas como Malevolent Creation e Autopsy. Uma nota curiosa
é que nos primeiros ensaios da minha antiga banda de Death Metal Old School
aqui em Brasília, o Pesticide, já contava com o Marcão nas guitarras e, nessa
época (2006/2007), ele ainda tocava no Low Life e já tinha vontade de ter uma
banda nesse estilo. O Capaça, mesmo, acabou entrando no Pesticide alguns anos
depois. Quando eu e ele decidimos sair da banda, logo em sequência chamamos o
Batera (David) e o Marcão pra montarmos o projeto. A vontade de fazer o Metal
com esse espírito sempre andou com a gente, e, como já éramos amigos e, de
certa maneira, já nos conhecíamos musicalmente, o entrosamento que precisávamos
para a banda veio em consequência. Foi só uma questão de alinhar as
expectativas e fazer a parada acontecer!
Capaça, Yarlles, Marcão e David (Batera) |
2.
Assim como vocês, atualmente há uma quantidade considerável de bandas, tanto no
Brasil como fora, que fazem um Death Metal old School remetendo à grandes
bandas do gênero. Acham que se trata de um "revival”? Como vocês veem essa
proliferação de bandas – muito boas, diga-se a verdade – e quais vocês curtem
ou acompanham?
Yarlles: Acredito
que o Death Metal realmente esteja passando por uma boa época. Acho que esse
“revival” está acontecendo de uma forma um pouco diferente do que aconteceu com
outros estilos em épocas recentes. Entendo que as cenas de Death Metal Old School
de várias partes do Brasil e do mundo, que eram pouco notadas em outro momento,
começaram a ser particularizadas e a ganhar atenção. O Death Metal é um estilo
relativamente constante, mas também é fato que bandas que tiveram excelentes
lançamentos nos primeiros anos da década 90, mantiveram-se mornas nos anos seguintes,
talvez porque as atenções de quem produzia o estilo estivessem voltadas somente
para os expoentes de cada cena local. E é exatamente essa realidade que está
mudando nesse momento. O que é excelente, pois motivam outras bandas,
produtores, shows, etc. Isso faz com que a roda gire. Hoje acompanhamos bandas
como os amigos do Incarceration da Alemanha e o Skeletal Remains do EUA. E
Projetos como Vallenfyre e o Thanatos, por exemplo, que são compostos por gente
velha fazendo coisa nova.(risos)
3.
Percebe-se uma forte influência de grupos do começo dos anos 90, no som do
Considered Dead. Até no nome da banda, homônimo ao debut do Gorguts, grupo
canadense. Quais as influências de vocês na hora de compor, falando-se lírica e
musicalmente?
Yarlles: Apesar
do Death Metal ser um estilo muito amplo e, de certa forma, até inovador por
sua própria essência, mantemos o nosso som da forma mais genuína possível, mas sempre
tentando acrescer a nossa originalidade às musicas e a estética
lírica/artística, que atualmente aborda conceitos influenciados por temas de
exclusão/reclusão social a partir de problemas psicossomáticos, bem à lá Death
na época do Spiritual Healing. Nós quatro temos um consenso musical muito
próximo, e claro, que nos influenciamos pelos clássicos da Flórida, como o
Death ou Morbid Angel dos bons dias, até coisas mais cadenciadas como o Bolt Thrower
ou mais energéticas como o Malevolent Creation e o próprio Gorguts. Tudo isso
acaba nos influenciando na hora de compor os sons.
4.
O registro inicial da banda, a demo “Mentally Tortured”, foi recentemente
lançado, e já por um selo gringo, a FDA Rekotz, da Alemanha, que é responsável
por lançar estritamente bandas de Death Metal, a exemplo de Master, Wound,
Derogatory, Revolting, etc. Como se estabeleceu o contato, e como é já fazer
parte de um selo especializado no estilo?
Yarlles: O
Contato veio de uma forma muito natural. Montamos um bandcamp e um email para a
banda e colocamos um som por lá. Quando começamos a fazer a divulgação do
material, o Rico (o cara da FDA) nos sondou e depois de algum tempo de papo ele
nos mostrou a proposta que ele tinha em mente para fazer o lançamento. A
estrutura dele realmente nos impressionou, quando nos apresentou o portfólio do
indonesiano que faria a arte da demo, o Badic,
pudemos ver que os caras realmente trabalhavam sério e era com eles que
a gente tinha que assinar. Tudo tem ocorrido da melhor forma, tanto do “deal”
com a gravadora quanto com os resultados do lançamento.
5.
Ainda sobre a FDA Rekotz, percebo que eles investem bastante na divulgação das
bandas. Há sempre reviews em sites e revistas especializadas de fora, além de
circulação do material. Como tem sido a parceria entre a banda e o selo? Está
sendo satisfatória? Já há como medir alguma espécie de retorno do público de
fora?
Yarlles: Sem
dúvidas. A parceria com a FDA Rekotz está sendo ótima e fundamental para nós.
Hoje somos a única banda brasileira do cast da gravadora. Queremos tentar
“abrir a estrada” para que as bandas undergrounds daqui tenham esse mesmo
reconhecimento lá fora. O trabalho que a FDA realiza na Alemanha é muito sério
e focado no resultado dos grupos, o que além de ser um excelente exemplo de
como realmente fazer o metal acontecer pro underground, faz com que tenhamos
uma parceria forte no que se diz respeito a material e divulgação. Apesar do
pouco tempo de banda, já fomos registrados em vários Zines/Revistas na Europa,
principalmente na Alemanha (Sede da FDA), e tudo isso devemos a essa parceria.
Mas sem dúvida estamos trabalhando pra conseguir esse tipo de reconhecimento
por aqui também.
6.
Como o som da banda vem sendo recebido pelo público brasileiro? Algum selo
nacional se interessou, ou interessa, em lançar material do Considered Dead?
Yarlles: Por
enquanto nada de concreto no que se diz respeito a lançamentos. Mas sempre
contamos com a força de alguns poucos(!) produtores locais que nos ajudam a
tocar na nossa cena. Por mais que exista um público fiel ao estilo no Brasil,
nós ainda não temos infraestrutura geral para coisas básicas da população, no
metal não seria diferente, por mais que queiramos fazer as coisas acontecerem,
por vezes não encontramos um caminho muito aberto pra realização do nosso
trampo.
7.
Sei que um debut album já é pensado. A quantas anda o processo para o primeiro
registro full do Considered Dead? Há interesse em lançar outro tipo de material
que não um álbum?
Yarlles: Inicialmente,
estamos em fase de composição, já tem bastante coisa pensada e pronta. Estamos
engatinhando para um possível Full-length no ano que vem. Por agora vamos
manter esse foco: compor e deixar o nosso som o mais redondo possível para as
próximas apresentações e gravações do Considered Dead.
9.
Recentente vi que a banda se apresentou em um grande evento no DF, o Kill Again
Festival, organizado pela gravadora de mesmo nome. Como foi esse show em, e
como está atualmente a cena de Brasília e região? Há um público grande fã de
Death Metal Old School?
Yarlles: Com
certeza! Não só o público como excelentes bandas. Brasília e o entorno sempre
tiveram a característica de, independentemente do tamanho ou época do
underground Death Metal, a qualidade sempre está muito boa! Tanto das bandas
quanto do público. Quando algum maluco como o Rolldão e a Kill Again decidem se
arriscar em um evento daquele porte, isso fica muito claro para nós. A
receptividade do público tem sido muito boa por aqui também.
10.
Agradeço mais uma vez pelo tempo cedido ao Under The Ground. Fica o espaço para
quaisquer considerações. Continuem pelo caminho tortuoso do Death Metal!
Yarlles: Nós
que agradecemos pela força! Com certeza vamos continuar juntos nessa! Porque
sem pessoas como vocês do Under The Ground e a fidelidade do público que apoia
a gente, essa caminhada não seria possível!! Valeu, Jaime! Grande Abraço!
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Links do Considered Dead:
Facebook: www.facebook.com/consideredead
Email: consider.dead@gmail.com
Bandcamp: considereddead.bandcamp.com/
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