quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Entrevista com Considered Dead | Death Metal Old School em alta



Atualmente, uma verdadeira legião de novas bandas de Old School Death Metal vem brotando pelos mais obscuros rincões deste mundo. O Velho Metal da morte parece estar em alta. No Brasil, um dos novos grupos que vem se destacando é o Considered Dead, quarteto de Brasília, formado por membros e ex-membros de bandas como Violator, Low Life e Pesticide. Tivemos umas conversa com o vocalista Yarlles Pinheiro, que nos contou sobre o lançamento da Demo Mentally Tortured, parceria com selo gringo e diversos assuntos. Confiram.


Por Jaime “Netão” Guimarães


1.  Saudações deathmaníacos, obrigado pelo tempo cedido! O Considered Dead foi formado em 2012, mas conta com um line up já experiente, com caras de bandas como Violator, Pesticide e Low Life. Como se deu a criação da banda, e porque decidiram tocar Death Metal nessa linha?

Yarlles: Eaí, Jaime! Tudo certo? Primeiramente, muito obrigado pelo espaço do Under The Ground e por essa entrevista. Acredito que a vontade de tocar Death Metal sempre andou em paralelo aos nossos projetos. O Capaça e o David  já tocavam juntos há 10 anos no Violator, e sempre foram fãs de bandas como Malevolent Creation e Autopsy. Uma nota curiosa é que nos primeiros ensaios da minha antiga banda de Death Metal Old School aqui em Brasília, o Pesticide, já contava com o Marcão nas guitarras e, nessa época (2006/2007), ele ainda tocava no Low Life e já tinha vontade de ter uma banda nesse estilo. O Capaça, mesmo, acabou entrando no Pesticide alguns anos depois. Quando eu e ele decidimos sair da banda, logo em sequência chamamos o Batera (David) e o Marcão pra montarmos o projeto. A vontade de fazer o Metal com esse espírito sempre andou com a gente, e, como já éramos amigos e, de certa maneira, já nos conhecíamos musicalmente, o entrosamento que precisávamos para a banda veio em consequência. Foi só uma questão de alinhar as expectativas e fazer a parada acontecer!


Capaça, Yarlles, Marcão e David (Batera) 


2. Assim como vocês, atualmente há uma quantidade considerável de bandas, tanto no Brasil como fora, que fazem um Death Metal old School remetendo à grandes bandas do gênero. Acham que se trata de um "revival”? Como vocês veem essa proliferação de bandas – muito boas, diga-se a verdade – e quais vocês curtem ou acompanham?

Yarlles: Acredito que o Death Metal realmente esteja passando por uma boa época. Acho que esse “revival” está acontecendo de uma forma um pouco diferente do que aconteceu com outros estilos em épocas recentes. Entendo que as cenas de Death Metal Old School de várias partes do Brasil e do mundo, que eram pouco notadas em outro momento, começaram a ser particularizadas e a ganhar atenção. O Death Metal é um estilo relativamente constante, mas também é fato que bandas que tiveram excelentes lançamentos nos primeiros anos da década 90,  mantiveram-se mornas nos anos seguintes, talvez porque as atenções de quem produzia o estilo estivessem voltadas somente para os expoentes de cada cena local. E é exatamente essa realidade que está mudando nesse momento. O que é excelente, pois motivam outras bandas, produtores, shows, etc. Isso faz com que a roda gire. Hoje acompanhamos bandas como os amigos do Incarceration da Alemanha e o Skeletal Remains do EUA. E Projetos como Vallenfyre e o Thanatos, por exemplo, que são compostos por gente velha fazendo coisa nova.(risos)


3. Percebe-se uma forte influência de grupos do começo dos anos 90, no som do Considered Dead. Até no nome da banda, homônimo ao debut do Gorguts, grupo canadense. Quais as influências de vocês na hora de compor, falando-se lírica e musicalmente?

Yarlles: Apesar do Death Metal ser um estilo muito amplo e, de certa forma, até inovador por sua própria essência, mantemos o nosso  som da forma mais genuína possível, mas sempre tentando acrescer a nossa originalidade às musicas e a estética lírica/artística, que atualmente aborda conceitos influenciados por temas de exclusão/reclusão social a partir de problemas psicossomáticos, bem à lá Death na época do Spiritual Healing. Nós quatro temos um consenso musical muito próximo, e claro, que nos influenciamos pelos clássicos da Flórida, como o Death ou Morbid Angel dos bons dias, até coisas mais cadenciadas como o Bolt Thrower ou mais energéticas como o Malevolent Creation e o próprio Gorguts. Tudo isso acaba nos influenciando na hora de compor os sons.


4. O registro inicial da banda, a demo “Mentally Tortured”, foi recentemente lançado, e já por um selo gringo, a FDA Rekotz, da Alemanha, que é responsável por lançar estritamente bandas de Death Metal, a exemplo de Master, Wound, Derogatory, Revolting, etc. Como se estabeleceu o contato, e como é já fazer parte de um selo especializado no estilo?

Yarlles: O Contato veio de uma forma muito natural. Montamos um bandcamp e um email para a banda e colocamos um som por lá. Quando começamos a fazer a divulgação do material, o Rico (o cara da FDA) nos sondou e depois de algum tempo de papo ele nos mostrou a proposta que ele tinha em mente para fazer o lançamento. A estrutura dele realmente nos impressionou, quando nos apresentou o portfólio do indonesiano que faria a arte da demo, o Badic,  pudemos ver que os caras realmente trabalhavam sério e era com eles que a gente tinha que assinar. Tudo tem ocorrido da melhor forma, tanto do “deal” com a gravadora quanto com os resultados do lançamento.




5. Ainda sobre a FDA Rekotz, percebo que eles investem bastante na divulgação das bandas. Há sempre reviews em sites e revistas especializadas de fora, além de circulação do material. Como tem sido a parceria entre a banda e o selo? Está sendo satisfatória? Já há como medir alguma espécie de retorno do público de fora?

Yarlles: Sem dúvidas. A parceria com a FDA Rekotz está sendo ótima e fundamental para nós. Hoje somos a única banda brasileira do cast da gravadora. Queremos tentar “abrir a estrada” para que as bandas undergrounds daqui tenham esse mesmo reconhecimento lá fora. O trabalho que a FDA realiza na Alemanha é muito sério e focado no resultado dos grupos, o que além de ser um excelente exemplo de como realmente fazer o metal acontecer pro underground, faz com que tenhamos uma parceria forte no que se diz respeito a material e divulgação. Apesar do pouco tempo de banda, já fomos registrados em vários Zines/Revistas na Europa, principalmente na Alemanha (Sede da FDA), e tudo isso devemos a essa parceria. Mas sem dúvida estamos trabalhando pra conseguir esse tipo de reconhecimento por aqui também.








6. Como o som da banda vem sendo recebido pelo público brasileiro? Algum selo nacional se interessou, ou interessa, em lançar material do Considered Dead?

Yarlles: Por enquanto nada de concreto no que se diz respeito a lançamentos. Mas sempre contamos com a força de alguns poucos(!) produtores locais que nos ajudam a tocar na nossa cena. Por mais que exista um público fiel ao estilo no Brasil, nós ainda não temos infraestrutura geral para coisas básicas da população, no metal não seria diferente, por mais que queiramos fazer as coisas acontecerem, por vezes não encontramos um caminho muito aberto pra realização do nosso trampo.   


7. Sei que um debut album já é pensado. A quantas anda o processo para o primeiro registro full do Considered Dead? Há interesse em lançar outro tipo de material que não um álbum?

Yarlles: Inicialmente, estamos em fase de composição, já tem bastante coisa pensada e pronta. Estamos engatinhando para um possível Full-length no ano que vem. Por agora vamos manter esse foco: compor e deixar o nosso som o mais redondo possível para as próximas apresentações e gravações do Considered Dead.




9. Recentente vi que a banda se apresentou em um grande evento no DF, o Kill Again Festival, organizado pela gravadora de mesmo nome. Como foi esse show em, e como está atualmente a cena de Brasília e região? Há um público grande fã de Death Metal Old School?

Yarlles: Com certeza! Não só o público como excelentes bandas. Brasília e o entorno sempre tiveram a característica de, independentemente do tamanho ou época do underground Death Metal, a qualidade sempre está muito boa! Tanto das bandas quanto do público. Quando algum maluco como o Rolldão e a Kill Again decidem se arriscar em um evento daquele porte, isso fica muito claro para nós. A receptividade do público tem sido muito boa por aqui também.


10. Agradeço mais uma vez pelo tempo cedido ao Under The Ground. Fica o espaço para quaisquer considerações. Continuem pelo caminho tortuoso do Death Metal!

Yarlles: Nós que agradecemos pela força! Com certeza vamos continuar juntos nessa! Porque sem pessoas como vocês do Under The Ground e a fidelidade do público que apoia a gente, essa caminhada não seria possível!! Valeu, Jaime! Grande Abraço!

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Links do Considered Dead:

Facebook: www.facebook.com/consideredead
Email: consider.dead@gmail.com
Bandcamp: considereddead.bandcamp.com/


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