Por Jaime "Netão" Guimarães
Segundo a Wikipédia (fonte
de todos os meus conhecimentos) o mosh, ou moshpit, ou roda de pogo, ou apenas
roda (ou apenas pogo), pode ser definido assim: “[...] forma de dança associada
a gêneros musicais mais agressivos como o punk rock e o heavy metal. Nesta
dança os participantes fazem movimentos bruscos como cotoveladas e joelhadas,
pulam, correm, empurram e colidem entre si dentro de uma área circular
delimitada. Embora o caráter violento da dança, não existe a real intenção de
causar danos aos participantes.”
O fato é que esta excêntrica
“dança”, surgida talvez com os movimentos punk/hardcore, tornou-se uma tradição
de eventos de música pesada, assim como o stage dive (não confundir com mosh).
Quem nunca se aventurou numa roda? (o duplo sentido não foi intencional).
Pancadaria sonora frenética, um por um na bateria a todo gás, blast-beats
vindos do inferno, d-beat puro sangue, amplificadores estourando seus ouvidos, muita
birita, empurra-empurra e um calor infernal. Eu mesmo já perdi a conta de
cotoveladas, chutes, socos, arranhões, puxões de cabelo, cabeçadas, mordidas,
ameaças de morte e abraços de bêbado eu já recebi em alguns círculos infames
deste gênero.
Claro, nem sempre – na
verdade, na maioria das vezes – esses pequenos contratempos são voluntários (a
não ser no caso das ameaças de morte). Em sua grande maioria, os participantes
dessa brincadeira estão ali unicamente com intuito de se divertir, de
extravasar.
Há um código moral implícito
em meio a qualquer moshpit: Não pode entrar na malícia, dar soco na cabeça,
dedos nos olhos e joelhada nas partes baixas; se “nego” cai no chão, não pode
pisotear, tem que ajudar a levantar; não pode dar rasteira, nem cuspida; não
pode entrar na roda com skate na mão (eu já presenciei isso); não pode tentar
roubar a mochila do colega; não pode assediar, homens ou mulheres, pegar na
bunda, dar dedada, etc...Quem for pego no flagra será cobrado.
No entanto, sempre tem um
filho da puta pra querer atrapalhar tudo e machucar os meninos no mosh. É a
figura do “bruce lee” da roda. Aquele cara que tá por ali gritando qualquer
coisa, que já encheu a cara de “toddynho”, que está com a camisa do Pantera, Matanza
ou The Trooper, do Iron Maiden, que tem índole de perversidade e alma de
vagabundo de rua. Ele entra no pogo com os cotovelos em forma giratória e
atacando feito um kamikaze. Quase sempre calçando uma bota de trilha, chega
chutando as canelas alheias sem pena alguma, deixando a marca do sapato estampada.
Ele é aquele chato que puxa a galera que tá fora do círculo para dentro e
começa a empurrar todo mundo.
Quando o bruce lee da roda
começa a agir, logo é notado. O pessoal já fica de olho. Alguns se retiram,
outros esperam pra dar o troco e/ou intimá-lo. Claro, não é questão de
“moleza”, todo mundo sabe que a roda é brincadeira de gente grande, e que quem
entra está pondo picos de adrenalina e energia pra fora. Mas não vamos
exagerar, né? Já vi gente colocando protetor bucal e tudo, se preparando pra
foder a turma. (risos)
Resumindo, não seja o bruce
lee da roda. Ostente essa bandeira, vamos fazer disso uma corrente. O bruce lee
é aquele cara que entra pra igreja e queima os vinis. É o maluco que bebe a
cerveja do cara que tá no palco tocando. Ele é o cara que mexe a boca pra dizer
que sabe a letra da música, mas não sabe. Quando sua mãe diz que “no rock só
tem ignorante e gente duvidosa” ela está falando do bruce lee.
Há algum tempo encontrei
pelo youtube o curta-documentário Roderia (Death Metal), de 2004. De direção de
um maluco chamado Léo Je$u$, o curta foi gravado durante um show do Napalm
Death no Rio de Janeiro; e mostra como acontece uma roda. Durante o filme são
apresentados os “rebatedores”, os caras mais “insanos” daquele moshpit. Os
personagens falam da energia que é entrar em uma roda de pogo, alguns falam em “espancar
os metaleiros”(risos), outros dizem que tudo não passa de um esporte. Entre as
figuras estão eles, os bruce lees escrotizantes. Vale a pena assistir.
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E não seja a porra do bruce lee da roda, morô?!
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