sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Os Canibais de Garanhuns e as Revelações de um Esquizofrênico


Por Jaime “Netão” Guimarães

Teve início ontem, e em Olinda (PE), o julgamento de Jorge Negromonte, Isabel Cristina Torreão e Bruna Cristina Oliveira da Silva, trio que ficou conhecido pela alcunha de “canibais de Garanhuns”. Eles são acusados de homicídio quadruplamente qualificado. Os três são apontados pela morte de pelo menos três mulheres entre 2008 e 2012. Os crimes eram cometidos de forma bárbara: as vítimas eram assassinadas e esquartejadas. Os criminosos ainda teriam comido parte da carne dos cadáveres, além de temperar outras partes, rechear coxinhas e empadas e vender pelas ruas de Garanhuns.

A primeira vítima foi Jéssica Camila da Silva, em 2008. A jovem foi atraída por Bruna e foi assassinada no bairro do Rio Doce, em Olinda. O trio teria drenado o sangue de Jéssica e comido partes de seu corpo, antes de enterrar os restos mortais. Bruna então passou a usar a identidade da vítima e criar sua filha de dois anos.

Em 2012, já morando em Garanhuns, agreste pernambucano, Jorge, que era o líder, e suas fiéis companheiras, então esposa e amante, teriam matado mais duas mulheres: Giselly Helena da Silva e Alexandra da Silva Falcão. Ambas passaram pelo mesmo torturante ritual de morte, esquartejamento e antropofagia. Dessa vez, além de se alimentarem, os canibais teriam dado carne à criança que passaram a criar após a morte da primeira vítima em 2008, e recheado salgados que foram vendidos pelas ruas da cidade.
Ainda em 2012 a polícia chegou até os criminosos. Buscas pelas mulheres desaparecidas eram realizadas, quando uma fatura de cartão de crédito levou à prisão do grupo. Os assassinos realizaram compras com o cartão de Giselly dois dias após o seu desaparecimento. Os canibais de Garanhuns eram então presos, e tinha início ali a descoberta dos atos escabrosos cometidos por eles.

Na casa onde moravam foram encontrados os restos humanos das duas vítimas enterrados no quintal. O trio de comedores de gente foi preso e começou a vomitar os tenebrosos acontecimentos.



Ao serem questionados pelas autoridades os canibais assumiram os crimes, no entanto, tentaram negar a venda de salgados recheados de carne humana, o que foi contestado pela polícia. Descobriu-se que Jorge Negromonte encabeçava uma seita denominada de “Cartel”, da qual só fariam parte os três acusados, que tinha como meta eliminar mulheres com “úteros malditos” e conter o crescimento da população.

As Revelações de um Esquizofrênico


Jorge Negromonte Beltrão na época em que foi preso estava com 50 anos de idade. É formado em Educação Física e faixa preta de caratê. Ao ser entrevistado após sua prisão alegou sofrer de transtornos mentais desde a infância, assumindo ter esquizofrenia.
Um dos fatos mais desconcertantes em todo o caso dos Canibais de Garanhuns foi a descoberta de um livro. Na casa de Jorge Negromonte foi encontrado um escrito de 50 páginas, impresso em papel ofício. Tratava-se de “Revelações de um Esquizofrênico”, redigido pelo próprio Jorge e registrado em cartório.




O livreto é composto por textos em que o canibal relata sobre diversas passagens de sua vida e sobre os tormentos presentes em sua mente. Fala de sua infância e juventude, de visões assustadoras que sempre teve, de crises psicóticas e até audiências com a justiça por conta de distúrbios que cometeu. Há também ilustrações que remetem sempre à morte e a loucura. O que assustou as autoridades policiais foi que ali também estavam escritos todos os passos dos crimes cometidos por Jorge e suas amantes. Em um dos textos ele descreve como planejou, junto com suas comparsas, a morte de uma das jovens, e até a forma em que se livrariam do corpo. Seguem trechos:

“...Um dia eu aproveitando que a adolescente do mal não estava, combinei com Bel e com Jéssica um modo de destruí-la, e chegamos a uma conclusão: Matá-la, dividi-la e enterrá-la. Só que cada parte dela em um lugar diferente. Era uma noite de chuva forte, relâmpagos e trovoadas. A criatura do mal estava em um quarto da casa; olho para Bel e para Jéssica com um olhar de que aquela noite seria o momento certo para destruir o mal.”

Vejo aquele corpo no chão, Jéssica desconfia que ainda se encontra com vida, pego uma corda, faço uma forca e coloco no pescoço do corpo, puxo para o banheiro e ligo o chuveiro para todo o sangue escorrer pelo ralo. Ao olhar para o corpo já sem vida da adolescente do mal, sinto um alívio. Pego uma lamina e começo a retirar toda a sua pele, e logo depois à divido. Eu, Bel e Jéssica nos alimentamos com a carne do mal, como se fosse um ritual de purificação, e o resto eu enterro no nosso quintal, cada parte em um lugar diferente…”

Jorge também realizou um curta-metragem de terror. No filme, uma mulher é procurada pelo fantasma do amado marido (Tipo uma versão bem mais tosca de Ghost). Negromonte, que no filme assina como Jorge Beltrão, faz o papel de um “amigo”, que se aproveita da situação para atacar a mulher. No vídeo há um trecho em que o canibalismo vem à tona; de forma extremamente mal feita e tosca ele arranca um olho da mulher e come. Vejam abaixo.




Presos a mais de dois anos, agora os Canibais de Garanhuns vão a julgamento. Devem ser condena a penas longas (segundo os padrões brasileiros), é o que esperam as famílias das vítimas e muitas pessoas que acompanharam o caso. Os fatídicos acontecimentos protagonizados por Jorge Negromonte e sua mini-seita são uns dos mais aterradores dos últimos anos, e ficaram cravados na história da criminologia brasileira.

O livro completo pode ser baixado aqui. Esses materiais foram upados pelo excelente blog, do qual eu já falei aqui, O Aprendiz Verde. Lá poderão encontrar uma matéria muito mais aprofundada sobre este caso, assim como outros acontecimentos macabros.


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